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Anderson Silva - O trabalho fala por si

Por Thomas Gerbasi       

         

O quão rápido a maré pode virar, principalmente no cada vez mais inconstante mundo do MMA?

No caso de Anderson Silva, bastaram três minutos e 23 segundos, tempo que ele precisou para despachar o ex-campeão dos meio-pesados Forrest Griffin, em agosto passado e voltar às boas com um grupo de fãs e membros da mídia que se voltou contra ele após seus dois combates anteriores contra Thales Leites e Patrick Cote.            

 

Nestas duas defesas de título médio de Anderson foi - apesar de quase não ser tocado nessa lutas - criticado por não ter a força de destruição de embates anteriores contra Chris Leben, Rich Franklin, Nate Marquardt, Dan Henderson e James Irvin.              

 

Mas quando a luta contra Griffin veio, ele teve um desempenho digno de Michael Jordan no jogo sete, Reggie Jackson, em outubro, ou Joe Montana no quarto trimestre. Em outras palavras, ele foi virtuoso no nível mais alto de sua profissão, e fez parecer fácil. Baixando a guarda, esquivando e evitando socos antes de disparar seus contragolpes que pareciam lasers, Anderson estava no ápice de seu jogo do começo ao fim contra um adversário legítimo e mundialmente renomado. E quando tudo acabou, 'The Spider' tinha todo o direito de se vangloriar ou dizer 'eu avisei', mas ele não fez isso. Mesmo agora, se você perguntar a ele sobre a luta, ele se mantém humilde.    

         

"Eu treino muito duro para cada uma das minhas lutas e essa luta não foi diferente", Anderson disse. "Eu fui pro octógono e fiz meu trabalho corretamente, eu fiz o que fui treinado para fazer".  

          

Parece simples, mas não pode ser assim tão fácil, caso contrário, veríamos toneladas de Anderson Silvas correndo, chutando a cabeça das pessoas e nocauteando. Mas não é assim e isso só mostra o quão especial ele é. Os números falam por si, com um recorde de 10 vitórias consecutivas do UFC e um recorde de cinco defesas do título médio. Mas é a estética, bem como o recurso do atletismo dele que o colocaram no topo da lista peso por peso.              

 

Assim, em muitas maneiras, tem sido uma longa espera de oito meses até uma nova apresentação de Anderson no octógono, enquanto ele curava de uma lesão no cotovelo. Mas no seu típico estilo discreto, o próprio homem não se estressou muito durante o afastamento.          

   

"Eu perdi o contato, o treinamento, fazer o que eu gosto de fazer", ele disse, "mas eu não tinha tempo para cuidar de mim mesmo e também fazer algo que amo, que é ensinar e treinar o pessoal mais jovem".    

 

Se for esse o caso, talvez haja mais alguns clones de Anderson à caminho, mas por agora, vamos ter que nos contentar com o campeão de 34 anos, que faz o seu muito aguardado regresso no evento principal do UFC 112 neste sábado contra Demian Maia, que entra como um substituto do original adversário Vitor Belfort, que foi forçado a retirar-se da luta em fevereiro, devido a uma lesão.      

       

"Minha equipe e eu tínhamos treinado duro e estávamos preparados para enfrentar o Vitor", Anderson disse, "mas como eu sempre digo, eu treino para lutar melhor, então me sinto preparado fisicamente e mentalmente para enfrentar o adversário mais difícil no UFC".              

 

Em Demian, Anderson enfrentará o melhor grappler que ele já teve pela frente. Claro, ele enfrentou um nível alto de faixas pretas de Jiu-Jitsu como Travis Lutter e Thales, mas nada comparado a Demian, que finalizou os seus adversários em cinco de suas seis vitórias UFC.  

          

"Demian é um lutador duro e todo mundo sabe sobre suas habilidades no chão, mas não podemos dizer que será fácil me levar ao chão ou que eu vou facilmente manter a luta em pé", Anderson disse. "Luta é luta e tudo pode acontecer quando dois lutadores se enfrentam. Será uma grande luta".            

 

No papel, esta luta parece o clássico striker (golpeador) vs. grappler (lutador de chão), apesar de Anderson possuir uma faixa preta de Jiu-Jitsu e Demian ter mostrado que poderia trocar por três rounds em sua mais recente vitória sobre Dan Miller. Assim, as probabilidades são, se ela permanecer em pé, vai dar Anderson, e se for para o solo Demian poderá abalar o mundo. Entretanto as lutas não são vencidas ou perdidas no papel e Anderson está se preparando para todas as possibilidades quando o sino tocar neste fim de semana.          

   

"Minha preparação continua a mesma", ele disse. "Nós criamos uma estratégia para esta luta, e felizmente eu tenho caras como André Galvão, os irmãos Nogueira, Ramon Lemos e Rafael 'Feijão' Cavalcante treinando comigo. Eu treino o meu jogo de chão todos os dias, então eu sinto que, se a luta for para o chão, eu vou estar preparado, mas meu foco é sempre o jogo em pé que é a minha bandeira".  

           

Essa é uma bandeira que é difícil de ser batida, com muitas tentativas falhas diante do jogo em pé de Anderson. E considerando que, para Demian levar Anderson para baixo, em primeiro lugar, ele terá que enfrentar uma avalanche de golpes, algo que nenhum lutador deseja. Anderson gosta da idéia - ele gosta de estar no topo, ele gosta de ter o tipo de arsenal que ninguém quer enfrentar e ele gosta de ser o rei P4P, mas você nunca iria ouvir essas palavras saindo da boca dele. Em vez disso, ele vai deixar seus punhos, pés, joelhos fazerem o serviço a falar e deixar os superlativos para nós. No final, ele se sente feliz em sair do octógono com o cinturão de campeão a tiracolo.              

 

"Ser o campeão me motiva", ele disse. "E eu quero continuar a ser o campeão por isso tenho que defender meu cinturão. Eu quero lutar com os melhores e mais bater recordes no UFC".